A primeira cidadania da língua
O Governo português tomou medidas inovadoras e disruptivas para facilitar a vinda de cidadãos brasileiros. E isso é muito bom porque Portugal precisa de imigrantes para inverter o envelhecimento do país.
A criação de um visto de maior duração (180 dias) que permite a entrada legal de imigrantes dos países de língua portuguesa em Portugal com o objetivo de "apenas" procurar trabalho é um verdadeiro convite para que os nossos irmãos brasileiros venham morar cá
A medida vem em muito boa hora e é boa resposta a uma operação de propaganda negativa que se gerou numa manhã de filas - propositadas ou espontâneas - que os agentes intervenientes nos assuntos aeroportuários, públicos e privados, causaram recentemente.
Porque o que é relevante sublinhar sobre o futuro das relações entre Portugal e o Brasil não são as filas de aeroportos momentâneas, mas sim as políticas de fundo que os portugueses pretendem implementar.
O Governo de Lisboa, antecipando questões impostas: pela nova realidade política de uma guerra prolongada na Ucrânia, por um lado; e a necessidade urgente de combater o risco demográfico que a nação lusa vive, por outro; são os pontos fulcrais onde se joga o futuro da relação entre Portugal, o Brasil e os outros países da CPLP.
Portugal precisa de boa imigração e de investimento, do Brasil e dos países de língua portuguesa, da mesma forma que o Brasil e os outros países precisam de uma porta de entrada para um mercado europeu.
O primeiro-ministro português sabe isso e vai lutar na União Europeia por um regime especial para os cidadãos dos países de língua portuguesa, tentando aprovar - ou pelo menos permitir - a criação de uma primeira "cidadania da língua" na história universal.
*Presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos
In JN