15 critérios para uma escolha
Como foram escolhidos os livros do do projeto “200 anos, 200 livros” até se chegar à lista final de obras para entender o Brasil
-
Há pouco mais de um ano, uma comissão formada por profissionais da Folha, Projeto República (núcleo de pesquisas da UFMG) e da Associação Portugal Brasil 200 Anos iniciou discussões para escolher um extenso grupo, que formaria o conselho curador do projeto;
-
O objetivo era convidar figuras de renome em diferentes áreas profissionais, desde que exercessem algum tipo de atividade intelectual. Também foi contemplada uma variedade de raças e gêneros. Do ponto de vista geográfico, a comissão priorizou brasileiros, considerando as cinco regiões do país, mas também foram chamados conselheiros de Portugal, Moçambique e Angola;
-
Pessoas com cargos políticos não foram convidadas, com exceção de Randolfe Rodrigues, presidente da Comissão do Bicentenário da Independência do Brasil do Senado Federal;
-
Definidos os curadores, a comissão pediu que indicassem ao menos três livros importantes para compreender o Brasil e uma justificativa para cada obra —uma pequena parte dos conselheiros sugeriu quatro ou mais livros;description
-
Ao longo de 2021, a comissão recebeu sugestões de 169 curadores;
-
Apenas livros —de ficção ou não-ficção— foram contabilizados para a lista final. Letras de música não foram levadas em conta, a não ser que estivessem publicadas em livro, caso de “Sobrevivendo no Inferno”, dos Racionais;
-
Também foi desconsiderada a indicação quando o conselheiro recomendou um livro da sua própria autoria ou que tenha sido organizado por ele;
-
Foram excluídos ainda livros que não tenham sido publicados em língua portuguesa;
-
Ao fim dessa primeira e mais longa etapa do projeto, no término de 2021, a comissão havia recebido dos curadores sugestões de 366 obras;
-
Todos os livros que receberam pelo menos duas indicações entraram na lista final. Mesmo com a inclusão dessas obras, faltavam dezenas de sugestões para alcançar a meta de 200 livros;
-
Para a tarefa de avaliar apenas os livros que receberam uma única recomendação, a comissão escolheu quatro nomes em fevereiro deste ano. Wander Melo Miranda, professor emérito da Faculdade de Letras da UFMG, e o crítico literário e apresentador do programa “Arte 1 ComTexto”, Manuel da Costa Pinto, analisaram as obras de ficção; Heloisa Starling, coordenadora do Projeto República e professora do departamento de história da UFMG, e Naief Haddad, repórter especial da Folha, avaliaram os livros de não-ficção;
-
Essas quatro pessoas —que, vale reforçar, avaliaram apenas os livros com uma indicação— se guiaram por critérios como: obras que tenham estabelecido um padrão de reflexão sobre o país; livros que buscaram um relato do passado brasileiro e que, de alguma forma, dialoguem com o presente; obras que se tornaram referência na imaginação cultural do país;
-
Alguns livros foram usados como referência para subsidiar a formulação dos critérios: - "Sete Lições sobre as Interpretações do Brasil" (ed. Alameda, 2011), de Bernardo Ricupero -"Intérpretes do Brasil: Clássicos, Rebeldes e Renegados" (Boitempo, 2014), organização de Luiz Bernardo Pericás e Lincoln Secco -"Comunidades Imaginadas" (Companhia das Letras, 2008), de Benedict Anderson. Em especial, o prefácio de Lília Schwartz -"Os Nossos Antepassados" (Companhia das Letras, 2014), de Ítalo Calvino
-
No último mês de abril, a comissão chegou, enfim, à lista final dos 200 livros para entender o Brasil, divulgada nesta edição.
-
No caso dos livros com o mesmo número de indicações, a sequência obedeceu à ordem alfabética